Sou estudante do Curso de Estudos Eslavos da Faculdade de Letras de Lisboa e decidi criar este blogue, porque em Portugal, ainda se conhece pouco dos países eslavos. A minha ideia, é a criação de um espaço aberto à divulgação, à troca de informações, de experiências e ideias de tão belos países.
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22 de março de 2010

Sistemas de escrita dos países eslavos - Parte II

Na família linguística Indo-Europeia, da qual os países eslavos pertencem, verificam-se algumas diferenças nos seus sistemas de escrita, nomeadamente no uso de dois diferentes tipos de alfabeto: o latino com a influência da expansão do Cristianismo Romano e o alfabeto cirílico com a influência do Cristianismo Ortodoxo, com origem e evolução dos antigos alfabetos Glagolitico e Eslavo Esclesiástico.

O ramo linguístico Eslavo está dividido geograficamente em três grupos, segundo o seu parentesco interno: eslavo oriental, ocidental e meridional.

Ao eslavo oriental, de longe o grupo com o maior número de falantes, pertencem o Russo, Bielorrusso, e o Ucraniano. Ao grupo ocidental pertencem o Checo, o Polaco, o Eslovaco e o Sórbico, (língua minoritária, dividida em Alto e Baixo Sórbico, cada uma com formas diferentes de escrita, ainda são faladas junto à fronteira entre a Republica Checa e o leste da Alemanha). As línguas do grupo meridional compreendem o Búlgaro, o Macedónio, o Sérvio/Croata, o Esloveno e o Eslavo Eclesiástico, usado nos dias de hoje apenas na liturgia ortodoxa.

Até ao século XV, o alfabeto latino estava limitado às nações católicas romanas e protestantes da Europa Ocidental, mas durante a Idade Média com a propagação do cristianismo, os povos eslavos da Europa Central adoptaram o Catolicismo Romano bem como o alfabeto latino, passando a fazer parte dos sistemas de escrita já referidos.

No século IX o Imperador Bizantino Miguel III, em resposta ao pedido de auxilio do Príncipe Rastislav da Morávia no combate contra os imperadores alemães, exige-lhe como condição que aceite a religião cristã segundo o dogma ortodoxo e envia-lhe os bispos de origem grega Cirilo e Método com a finalidade de unir os habitantes daquela região. São então feitas as primeiras traduções das sagradas escrituras do grego para o Eslavo Eclesiástico antigo, o tipo de escrita que emergiu nessa época, derivando posteriormente nos alfabetos glagolitico e cirílico, este último assim denominado em homenagem ao seu principal criador, São Cirilo.


Alfabeto Glagolítico


O Alfabeto Glagolítico, considerado o mais antigo alfabeto eslavo que se conhece, teve adaptações do alfabeto medieval grego. Originalmente composto por 43 letras com a evolução do tempo foi acrescentando outros símbolos complementares. O alfabeto cirílico surge no século X sob a influência bizantina, sendo os seus caracteres na sua maioria, as letras gregas desse período. A substituição de um alfabeto por outro foi gradual, tendo esse processo sido completado no século XII. Com a divulgação do cristianismo e o crescimento da Igreja Ortodoxa, o uso do alfabeto cirílico estendeu-se a quase todos os países da Europa Oriental. No início do século XVIII, por decreto de Pedro I, Czar da Rússia, passou a usar-se os caracteres cirílicos ocidentalizados, divergindo das antigas letras do alfabeto grego, sendo actualmente usado apenas como língua litúrgica pelos católicos romanos no sul da Europa.


Eslavo Eclesiástico

O Eslavo Eclesiástico começou a ser utilizado a partir da tradução dos textos eclesiásticos gregos efectuados pelos bispos Cirilo e Método no século X, na Morávia, e desde finais do século IX até quase ao século XVIII como língua literária no Mundo Eslavo. Durante este período desenvolveram-se algumas variantes, como o eslavo eclesiástico da Bulgária (utilizado a partir do XVI, inclusive pelos romenos ortodoxos), da Croácia, Rússia e Sérvia cuja pronúncia, ortografia, e formas gramaticais eram reflexos das peculiaridades linguísticas das línguas eslavas vernáculas locais.
Os principais textos existentes em eslavo eclesiástico são traduções dos evangelhos: “Codex Zogrephensis”, “Codex Marianus”, “Psalterium Sinaiticum” escritos no alfabeto glagolítico e um dos considerados maiores textos litúrgicos, o “Codex Suprasliensis” escrito no alfabeto cirílico.

Embora a família linguística dos países eslavos seja a mesma, por motivos históricos, sociais, culturais e económicos, cada país possui características cuja individualidade se reflecte também nos sistemas de escrita.

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