Sou estudante do Curso de Estudos Eslavos da Faculdade de Letras de Lisboa e decidi criar este blogue, porque em Portugal, ainda se conhece pouco dos países eslavos. A minha ideia, é a criação de um espaço aberto à divulgação, à troca de informações, de experiências e ideias de tão belos países.
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24 de março de 2010

Nikolai Vasilievich Gogol


Nikolai Vasilievich Gogol (Николай Васильевич Гоголь), nascido em Velyki-Sorochyntsi, Ucrânia, a 20 de Março (1 de Abril) de 1809, e falecido a 21 de Fevereiro (4 de Março) de 1852 em Moscovo, é um dos mais conhecidos escritores russos de origem ucraniana. Apesar de muitos de seus trabalhos terem sido influenciados pela sua herança ucraniana, escreveu em russo e a sua obra é considerada parte da literatura russa.


Biografia
O seu pai, antigo oficial cossaco desenvolveu-lhe o gosto pela literatura, a sua mãe, de origem nobre polaca, transmitiu-lhe a fé religiosa, que veio a acarretar, até à beira da sua morte, num misticismo doentio.

Em 1820 Gogol foi para uma escola superior de arte em Nizhyn e lá permaneceu até 1828, tendo aí começado a escrever. Pouco popular entre os seus colegas, chamavam-lhe pejorativamente “misterioso anão”, mas com dois ou três deles formou amizades duradouras. Cedo desenvolveu uma disposição sombria e secreta, marcada por uma dolorosa auto-consciência e ambição sem limites, mas também um talento extraordinário para a mímica tornando-o mais tarde num incomparável leitor das suas próprias obras e induziu-o a brincar com a ideia de se tornar actor. Em 1828, terminada a escola, Gogol deixa a sua terra natal e vai para São Petersburgo, cheio de sonhos e esperança em obter fama literária.

Com ele levou um poema romântico da idílica vida alemã “Hanz Küchelgarten”. Publicou-o com o seu próprio dinheiro, usando o pseudónimo “V. Alov” mas todas as revistas para onde o enviou, recusaram publicá-lo. Gogol comprou todas as cópias e destruiu-as, jurando nunca mais escrever poesia.

A distância do seu país natal e a nostalgia que dela resulta inspirou a sua escrita. O contacto com Alexander Pushkin e a sua consequente amizade abriram o caminho para as letras como destino.

A vida de burocrata também teve influência sobre Gogol, mesmo sendo um simples empregado de escritório, esta experiência inspirou a sua magnífica novela, “O Capote” de 1843, cujo herói, “Akaki Akakievitch”, tornou-se o arquétipo do pequeno funcionário russo.

Logo depois, consegue um emprego como professor de História no Instituto Patriótico de Jovens Moças e em seguida na Universidade de São Petersburgo, de 1831 a 1835. Durante este período, publica numerosas novelas.

O seu grande amigo Pushkin pede-lhe que escreva uma comédia e Gogol passa horas a escrever detalhadamente uma ficção, usando a ironia para mostrar a forma com a qual o governo czarista fiscalizava a cobrança de tributos. Foi esta a ideia básica da peça teatral “O Inspector-Geral”.

Pushkin utiliza os seus contactos com a família real para ajudar Gogol a escapar à censura e abre todos os caminhos que tem ao seu alcance para que a peça possa ser encenada. Finalmente, em 1836, após a sua representação em são Petersburgo, conhece um real sucesso, aplaudida por liberais mas fortemente atacada por reaccionários.

Gogol sente-se incompreendido, irritado tanto por aqueles que o apoiam, como por aqueles que o criticam, pois todos simplificam e deturpam seu pensamento profundo, achando que ele ataca as instituições de uma maneira quase militante. De facto, a sua intenção não é outra senão a de denunciar os vícios e os abusos que se encontram no interior da alma humana. Fortemente desiludido, sai de São Petersburgo e empreende uma viagem pela Europa.

A morte de Pushkin no ano de 1837, num desinteressante duelo, abala profundamente Gogol, “Agora tenho a obrigação de concluir a obra cuja ideia era do meu amigo”, referindo-se naturalmente, a “Almas Mortas”, que continua a escrever. Em 1841 tenta publicá-lo em Moscovo mas o Comité Moscovita de Censura não autoriza. No ano seguinte, após uma intervenção de amigos do autor consegue ver o seu livro publicado. O romance é uma descrição da Rússia profunda, uma sátira, por vezes impiedosa mas que também guarda subjacente o profundo amor de Gogol pelo seu país.

Em 1848, faz uma peregrinação a Jerusalém. A pouco e pouco a sua saúde degrada-se e a sua percepção da doença faz com que acredite estar sempre mais doente do que de facto está, contribuindo para a exaltação do seu sentimento religioso, tornando-se cada vez mais místico.

De volta a Moscovo, redige a segunda parte de “Almas Mortas”, mas o seu estado físico e psíquico está bastante deteriorado. No início de Fevereiro de 1852, num momento de delírio (segundo dizem) queima na lareira do seu quarto, todos os manuscritos inéditos – inclusive o fim da segunda parte de “Almas Mortas”.

O romance é uma irónica mas belíssima obra sobre a corrupção de uma classe decadente que dominava o povo ignorante e escravo da Rússia, mas infelizmente, a sua conclusão nunca foi publicada. Da plêiade russa que desafiou o czar, resta apenas um jovem admirador de Pushkin, Liermontov e Gogol: Ivan Turgeniev, que viria a escrever obras importantes como “Pais e filhos” e ver o reconhecimento dos seus amigos apenas, após as suas mortes.

Ao dia 21 do mesmo mês, Nikolai Gogol morre, fatigado pelos jejuns.

Obtêm, após a morte, o reconhecimento único. O seu corpo embalsamado segue insepulto por mais de um dia, carregado por estudantes, que oferecem homenagem à memória do grande escritor e todos os que leram as suas obras queriam ver de perto a despedida do grande autor.
Está sepultado no cemitério de Novodevitchi, em Moscovo.

Bibliografia
1829 – Hanz Küchelgarten1831 – Noites na Granja ao Pé de Dikanka
1832 – Uma Terrível Vingança
1835 – O Retrato
1835 – Mírgorod
1835 – O Diário de um Louco
1835 – Arabescos
1835 – Vij
1836 – Taras Bulba (1ª edição)
1836 – O Nariz
1836 – O Inspector Geral
1842 – Taras Bulba (2ª edição)
1842 – O Capote
1842 – Almas Mortas

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