Sou estudante do Curso de Estudos Eslavos da Faculdade de Letras de Lisboa e decidi criar este blogue, porque em Portugal, ainda se conhece pouco dos países eslavos. A minha ideia, é a criação de um espaço aberto à divulgação, à troca de informações, de experiências e ideias de tão belos países.
Bem Vindos!!



6 de abril de 2010

Celebrações do massacre de Katyn podem ser o primeiro passo para a reconciliação entre a Rússia e a Polónia

O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, convidou o seu homólogo polaco, Donald Tusk, para participar, na quarta-feira, na cerimónia de homenagem aos mais de 20 mil polacos assassinados em Katyn pela polícia secreta soviética em 1940.

No próximo sábado, o presidente polaco, Lech Kaczynski, participará também nas cerimónias fúnebres e irá condecorar os cidadãos russos que contribuíram para o «esclarecimento do assassínio de Katyn».

Esta é a primeira vez que um dirigente russo convida líderes do país vizinho para semelhantes cerimónias, pois Katyn é um tema extremamente fracturante nas relações entre Rússia e Polónia.

Em Abril de 1940, agentes da polícia política soviética NKVD assassinaram, na localidade de Katyn, mais de quatro mil prisioneiros de guerra polacos: oficiais, funcionários públicos e polícias. Nesse mês e no seguinte, foram assassinados mais de 20 mil polacos.

A Alemanha nazi, depois de ocupar esse território soviético durante a Segunda Guerra mundial (1939-1945), tornou pública a autoria soviética do massacre. Segundo documentos publicados em 2009 pelo Serviço de Espionagem Externa da Rússia, os alemães fizeram chegar a documentação aos polacos sobre o crime de Katyn, em Lisboa.No entanto, a União Soviética negou sempre essa versão até 1990, ano em que Mikhail Gorbatchov, então presidente da URSS, reconheceu a existência de documentos que implicavam José Estaline e outros dirigentes soviéticos nos assassínios.

Mas a posição das actuais autoridades russa em relação à condenação do massacre é mais do que ambígua.

O diário polaco Rzeczpospolita divulgou hoje os argumentos apresentados pelos advogados de defesa russos no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos para contestar uma queixa apresentada por alguns dos descendentes das vítimas de Katyn e que está actualmente a ser julgada.

Segundo o diário, «os russos não empregam as palavras 'crime' ou 'assassínio', mas sim 'processo' ou 'acontecimentos de Katyn', duvidando mesmo que «os polacos tenham sido fuzilados». Além disso, defendem que esse tribunal não deve julgar o caso porque «a Rússia assinou a Convenção Europeia dos Direitos Humanos em 1998».

«Os oficiais polacos foram assassinados com armas alemãs e pelos próprios alemães», defendeu recentemente o deputado comunista Victor Iliukhin.

Por isso, o discurso de Vladimir Putin nas cerimónias em Katyn é aguardado com grande expectativa. As autoridades polacas parecem não esperar um «pedido de perdão» de um ex-agente do KGB soviético, mas gostariam de receber cópias de toda a documentação relativa ao massacre de Katyn, que se encontra nos arquivos russos.

Por outro lado, Moscovo deu um sinal de abertura ao autorizar o canal público de televisão Kultura a exibir, na passada sexta feira, o filme «Katyn» do famoso realizador polaco Andrzej Wajda, cujo pai foi uma das vítimas do massacre.

«Nunca acreditei que viveria até esse dia», comentou Wajda.
Fonte: Agência Lusa

Sem comentários:

Enviar um comentário